12 de julho de 2009

Conhecimento não tem preço

A nova campanha do Estadão tem um discurso bonito, mas totalmente incoerente para um jornal. O objetivo da campanha é mostrar que o jornal nos traz conhecimento, mas se você prestar atenção na definição de conhecimento proposta pela própria propaganda, verá que é justamente o contrário: de conhecimento o jornal não tem nada.

Conhecimento fica e dura para sempre. Quantas das notícias que lemos no jornal duram para sempre? Nem 1% delas. No dia seguinte, um novo crime vai acontecer e aquele, do dia anterior, será esquecido. De nada adianta saber que há 3 dias o dólar custava menos de R$2 se, hoje, ele já ultrapassou esse valor. Hoje, ninguém mais fala da gripe aviária que causou medo há anos atrás. E é esse tipo de coisa que encontramos no jornal.

Eu me lembro que, em uma das primeiras aulas da faculdade, uma professora nos falou: depois de fazer esse curso, vocês nunca mais serão os mesmos, vocês nunca mais conseguiram ouvir uma conversa sem pensar no que está por traz dela. E ela estava certa. Quando você faz uma faculdade, passa 4 anos aprendendo a construir seu próprio conhecimento e a, com ele, transformar a maneira como você vê o mundo (ou pelo menos, uma parte dele)

É muita pretensão achar que um jornal é capaz de fazer isso. É claro que tudo que lemos em jornais, revistas e internet nos ajuda a ampliar nossa visão de mundo e a gerar mais conhecimento. Mas o jornal, em si, não é "O" conhecimento, ele é apenas uma de suas fontes ... e existem milhares delas.

Com exceção de algumas poucas reportagens sobre pesquisas e acontecimentos realmente marcantes, tudo aquilo que lemos no jornal não passa de notícias, fatos e acontecimentos que serão esquecidos... muitos deles serão esquecidos no dia seguinte, quando o novo jornal chegar. Isso é informação. Conhecimento é outra coisa.

Conhecimento é aquilo que você mesmo constrói ao longo da sua vida, baseado em tudo que leu, presenciou e viveu. Conhecimento não se compra e, portanto, não tem preço.

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