26 de junho de 2010

Procura-se um casaco preto!

Não sei que tipo de educação as pessoas andam recebendo em casa. Na minha casa, na minha família, sempre aprendemos uma coisa: ficar com algo que não lhe pertence é roubo! Quando encontramos algo perdido, sempre tentamos devolver. Já devolvemos carteira (com dinheiro), celular, pen drive, blusa... e não tem a desculpa de falar que não dá pra achar o dono, porque dá sim! Minhas primas, uma vez, encontraram uma carteira dentro de um ônibus em Campinas. Muita gente, no lugar delas, pensaria em ficar com a carteira, afinal como descobrir o seu dono em uma cidade com mais de 1milhão de habitantes? É impossível. Não, não é! Na carteira estava o RG do dono, ligando para a Telefônica, conseguiram descobrir o telefone dele. Ligaram e devolveram a carteira. Pronto. Simples assim! Todo mundo deveria agir dessa forma, mas infelizmente não é isso que acontece.

Uma vez, esqueci minha jaqueta dentro da sala de aula. Quando percebi, poucos minutos depois, e voltei pra sala, já não estava mais lá. Nunca mais vi minha jaqueta novinha. No começo do mês, fui no banheiro perto da sala de computadores da faculdade, coloquei meu casaco em cima da porta – pra escovar os dentes – e esqueci lá. Voltei 30 minutos depois e ele tinha sumido. Nunca mais vi meu casaco preferido.

Se eu tivesse perdido minha jaqueta e meu casaco no meio da rua, no centro de Campinas, até entenderia que não fossem devolvidos. Mas o que me deixa mais decepcionada é que a pessoa que levou minha jaqueta era alguém que estava sentado do meu lado a aula toda. Era alguém que sequer pensou na possibilidade de me devolver a jaqueta na aula seguinte. Da mesma forma, a pessoa que encontrou meu casaco no banheiro, deve tê-lo guardado dentro da mochila para, depois, sentar no computador ao meu lado.

Essas pessoas ficaram com as minhas coisas como se fossem delas, mas não eram. Eram minhas. E ficar com algo que não te pertence é roubo! As pessoas têm a ideia ridícula de que roubar é enfiar um revolver na cara de alguém e falar “passa o dinheiro”, mas não é só isso. Pegar um pacote de folhas de sulfite no seu trabalho e levar pra casa é roubo! Não avisar a caixa do supermercado que ela te deu R$20 a mais de troco é roubo! Achar uma blusa no banheiro e não devolver para o dono é roubo!

Quando penso nessa falta de honestidade da maioria das pessoas, vejo como é ridículo ficarmos xingando os políticos por serem corruptos. O problema do nosso país é que, no fundo, todos nós somos corruptos, desonestos, praticamos pequenos – ou grandes – delitos, sempre colocando em prático o famoso jeitinho brasileiro. Tenho certeza que boa parte da população, no lugar dos políticos, seria tão corrupta quanto eles.

Há algumas semanas, um cara da minha turma esqueceu o pen drive na sala de computadores. Mandou um e-mail para a lista de alunos, perguntando se alguém o tinha encontrado, pois precisava muito dele. Tinham coisas importantes ali. Nunca mais viu seu pen drive azul.

4 de junho de 2010

Quem quer ser professor?

Eu fiz Letras, uma graduação que - ao menos teoricamente - deveria formar professores. No entanto, são poucas as pessoas que estudaram comigo que decidiram seguir a profissão. Se antes, ser professora era o sonho de boa parte das meninas, hoje a história mudou.

No Brasil, ninguém quer ser professor. Ninguém quer trabalhar feito um louco na escola e depois dela, pois a jornada de trabalho do professor está longe de terminar quando ele chega em casa: ainda passará horas a fio preparando as aulas do dia seguinte.

Quando se fala em ser professor de escola pública então, a coisa piora ainda mais. Ninguém quer ganhar uma miséria pra dar aula o dia todo (muitas vezes, até tarde da noite), em uma escola no fim do mundo. Ninguém quer passar o dia gritando com aluno mal educado, separando brigas e ainda passar por momentos de tensão todo dia, na hora da saída. Será que meu carro ainda está inteiro?

Eu dei aula por um tempo e essa experiência foi o suficiente pra me fazer desistir da idéia de ser professora. Eu quase sempre chegava em casa com a cabeça estourando, de tanta bagunça e gritaria, ou talvez por passar boa parte do tempo gritando com os alunos. Se eu falasse, ninguém ouviria. Todo dia, eu voltava pensando “Eu não estudei a minha vida toda pra ter que passar por isso: ser maltratada por pirralhos de 14 anos.” Eu não merecia aquilo. Aliás, ninguém merece.

No link abaixo, está um texto que uma professora da faculdade nos encaminhou, foi escrito por uma amiga dela. Ele retrata o desespero e o desânimo de uma professora, que não sabe mais o que fazer diante da total calamidade da educação do país.


Professor - Uma espécie em extinção

"Todo mundo pensando em deixar um planeta melhor para nossos filhos... Quando é que pensarão em deixar filhos melhores para o nosso planeta?"