11 de agosto de 2013

Relatos de viagem: Acontecidos da Alemanha

Durante e depois de uma viagem pra Europa, escrevi alguns relatos e pensamentos sobre as cidades e países que visitei. Vou publicá-los aqui, talvez valha a pena lê-los.



Acontecidos da Alemanha:


1.Todo mundo sempre me falou que os alemães são super honestos e certinhos, que na Alemanha não tem catraca no metrô, mas todo mundo paga a passagem; que os pedestres não atravessam a rua no sinal vermelho, mesmo se não tiver nenhum carro vindo... e blá blá blá. Tudo mentira. O metrô em Colônia, por exemplo, é caro, custa €2,70. Lá você compra o ticket dentro do metrô e vi muita gente entrar no metrô e não comprar o bilhete, minha amiga mesmo (que é alemã) não comprou o ticket do metrô vaaaárias vezes. Aí eles ficam de olho pra ver se entra algum fiscal no metrô, se entrar, eles compram o bilhete e pronto (a multa pra quem for pego sem bilhete é €40).


2.Também tinham me falado que na Alemanha não existe limite de velocidade. Fomos de carro de Colônia até Berlim e vi placas de limite de velocidade a viagem toda. Em geral, o limite era 120km/h, mas os alemães realmente andam muito mais rápido que isso, apesar de ter radar nas rodovias – quando estava lá, meu amigo recebeu uma multa de quase €200 por ter ultrapassado o limite de velocidade. Fiquei lá pouco tempo, mas acho que as pessoas lá dirigem com muito mais prudência que os brasileiros, não vi ninguém fazendo zigue-zague nas rodovias ou ultrapassagens ultra-arriscadas, como a gente vê aqui no Brasil o TEMPO TODO. Aliás, brasileiro é um povo que dirige mal pra caramba, não porque não saiba, mais porque é burro mesmo e simplesmente ignora os riscos dessa imprudência. Ontem mesmo vi um cara dirigindo na Rod. Dom Pedro sem o cinto de segurança e com uma lata de cerveja na mão. Ah: na Alemanha não existe pedágio (mas em Portugal, Itália e Holanda tem).

3. Uma das coisas mais legais (e também mais tristes) da Alemanha é você pensar em como o país teve que se reerguer quase do zero após a Segunda Guerra Mundial. O país inteiro foi praticamente destruído, reduzido a pó, e os alemães tentaram reconstruir tudo que foi possível. Ainda hoje, muita coisa está sendo reconstruída. Em Berlim, por exemplo, eles estão reconstruindo um palácio que ficava bem no centro da cidade. Mas essa vontade de preservar a história também tem seu lado negativo. Quando estava na casa do Goethe, em Frankfurt, li uma placa explicando que a casa dele foi completamente destruída na Segunda Guerra e depois foi reconstruída, exatamente igual. Então fiquei me perguntando, se a casa onde o Goethe morou foi destruída, aquela casa reconstruída onde ele nunca colocou os pés, ainda é a casa do Goethe?

4. O custo de vida na Alemanha é muito barato. Só pra ter uma ideia: um desodorante lá custa €1,80 e uma caixa com 18 tabletes daquele chocolate do Kinder Ovo (mas com o dobro de tamanho do que é vendido aqui no Brasil), custa €3. Meus exemplos não são muito bons, mas é que eu fiquei chocada com o preço do desodorante rs.

5. Aliás, outra coisa importante: os chocolates na Alemanha são muito mais gostosos do que aqui. E nem precisa pagar caro não, qualquer chocolate que você comprar no mercado já é mais gostoso. Mas lá os doces/sobremesas não são tão doces quanto aqui. No dia do aniversário da mãe da minha amiga, ela fez várias tortas, estavam uma delícia, mas confesso que faltou um leite condensado na receita.

6. Boa parte da energia na Alemanha é proveniente de energia nuclear e desde o desastre de Fukushima, os alemães estão protestando contra esse tipo de energia (vi vários cartazes em Berlim sobre isso). Mas a Alemanha também investe muito em energia eólica. No caminho de Berlim para Colônia, vi vários pontos de produção de energia eólica, pareciam uma plantação de cataventos gigantes. Também fiquei bem espantada durante o voo de Frankfurt pra Londres ao ver, no meio do Canal da Mancha, uma área de produção de energia eólica em uns bancos de areia.

7. Quando estava lá, também era aniversário da minha amiga e fiquei surpresa com a quantidade de telefonemas que ela recebeu. O dia todo. Todo os amigos e parentes ligaram pra dar “Parabéns” pra ela. Eu disse que no Brasil não era assim, então ela me perguntou como era. Eu falei que aqui a gente recebe uma ligação de Parabéns dos amigos muito próximos e de alguns parentes, e só. E que normalmente as pessoas deixam pra ter dar Parabéns na comemoração do aniversário. Ela me perguntou: mas e quem não for na comemoração? Não dá Parabéns, ou dá pelo facebook. Eu também reparei que as pessoas parecem se preocupar muito com o presente que elas dão, minha amiga e a mãe dela não ganharam nenhuma roupa, por exemplo, elas ganharam presentes que precisavam, que iam gostar muito ou que teriam algum significado sentimental grande. As pessoas também SEMPRE dão uma cartão junto e não escrevem uma mensagem de duas linhas como a gente escreve (e como eu escrevi pra minha amiga), mas escrevem mensagens enormes. Infelizmente, não sei o que eles costumam escrever, porque não sei alemão e achei que ia ser inconveniente demais pedir pra minha amiga traduzir alguma mensagem pra mim rs.

8. Nós, brasileiros, nos gabamos por sermos super simpáticos e legais e receptivos e amorosos com todo mundo, mas enquanto eu estava fora, fiquei pensando se não há um certo vazio em toda essa simpatia. Do que adiantar ser simpático com todo mundo e não ligar pro seu amigo pra dar um Parabéns de verdade, ao invés de mandar uma mensagem pelo facebook? Eu acho que aqui no Brasil a gente dá atenção pra todo mundo e acaba não sendo amoroso de verdade com (quase) ninguém. É lógico que nossa simpatia tem o seu lado bom, se você for num bar sozinho no Brasil, com certeza em pouco tempo você começa a conversar com alguém, faz uns amigos, se diverte. Na Alemanha, isso não aconteceria jamais, as pessoas não vão conversar e ser simpáticas com um estranho. É verdade que os alemães são meio frios inicialmente, lá todo mundo que não me conhecia me cumprimentava com um aperto de mão, e só. Era até estranho. Mas é só eles te conhecerem melhor que tudo muda. Depois de passar o fim de semana com a família da minha amiga (tios, primos, avós), eles já estavam fazendo piada com a minha cara, arriscando umas palavras em português e na hora de me despedir, o aperto de mão deu lugar a um abraço. Não acho que devemos abrir mão da nossa “simpatia generalizada”, mas precisamos aprender a valorizar mais os amigos de verdade e essa história de redes sociais parece que está só piorando as coisas. Voltei de lá prometendo a mim mesma que iria melhorar isso, que daria mais valor àquela parte dos amigos que mais importa: a presença deles.

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