30 de maio de 2010

Versões – Literatura Contemporânea

Há duas semanas, participei do evento Versões – Literatura Contemporânea, organizado pelo Sesc e pelo IEL-Unicamp. O evento consistiu em algumas palestras, bate-papos e oficinas com autores contemporâneos. Quem lê meu blog já sabe que eu adoro Literatura Contemporânea. Passei toda a minha vida escolar lendo gente morta. Não que eu não goste de Machado de Assis, Aluísio de Azevedo, Eça de Queiroz – muito pelo contrário, adoro – mas depois que terminei a faculdade, decidi: vou começar a ler gente viva. E, ao contrário do que todo mundo pensa, existem muitos – MUITOS – bons escritores vivos. Adriana Lisboa, Patrícia Melo, Cristóvão Tezza, Rodrigo Lacerda, Miltom Hatoum, Bernando de Carvalho, Ana Miranda, Michel Laub, só para citar alguns. Nesse evento, tive a oportunidade de participar de oficinas com o Rodrigo Lacerda e o Michel Laub.

O Rodrigo pareceu ser muito sério em um primeiro momento, mas depois de pouco tempo de oficina já estava a gargalhadas, contando causos. A oficina deveria terminar às 17h, mas só saímos de lá às 18h30, depois que a organizadora do evento apareceu na porta e disse, rindo, “vocês vão ficar aí até amanhã?”

O Michel é bem mais centrado, começou e terminou a oficina nos horários estabelecidos. A discussão sobre Ponto de Vista que tivemos com ele foi muito boa e deixou claro que ele tem uma grande preocupação com o narrador de suas histórias – coisa que também é possível perceber ao ler um de seus livros.

No último dia do evento, participei de uma oficina (que foi mais um bate-papo) com o Juliano Pessanha (que é mais filósofo que escritor, como ele mesmo disse) e com o Evandro Affonso Ferreira (um senhor que odeia internet e nunca lê nem responde os e-mails que recebe). Nunca li nenhum livro dos dois, mas eles são ótimos (pelo menos ao vivo). Duas figuras que, em 3 horas de conversa, nos fizeram ir da angústia ao riso descontrolado. Chorei de rir com eles.

É muito bom ter a oportunidade de conversar, cara a cara, com escritores, saber como eles pensam, como escrevem, quais aspectos literários eles priorizam em seus textos. Pena que os escritores não são nem um pouco valorizados pelo Brasil – e sempre foi assim. Assim como Machado de Assis, eles também precisam fazer trabalhos extras (como trabalhar em editoras, revistas e jornais) para ganhar dinheiro e, no tempo que sobra, se dedicar a escrita, coisa que eles deveriam poder fazer o tempo todo. Eles são escritores, oras, deveriam poder viver disso: dos seus livros. Mas, infelizmente, os brasileiros ainda preferem gastar seu dinheiro comprando best-sellers americanos, livros de vampiros ou porcarias escritas por pessoas como a Ana Maria Braga e a Maitê Proença.



"Você escreve para dar conta de uma ferida.
Publicar é encontrar amigos de ferida."
Juliano Pessanha


Site do Rodrigo Lacerda: http://www.rodrigolacerda.com.br/
Blog do Michel Laub: http://michellaub.wordpress.com/

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