17 de maio de 2009

Você tem orkut? Quer ser meu amigo?

Sábado eu estava vendo um programa na TV. Era um programa sobre uma academia de ginástica especializada no atendimento de obesos. O programa parece ser um reality show, mas é tudo tão certinho... enfim, o programa é meio besta mas tratou de um tema importante.

A dona da academia percebeu que a vida (e a saúde) dos alunos da academia não estava melhorando, muitos tinham, inclusive, engordado nos últimos meses, por isso resolveu fazer um retiro com eles e os professores. Ela levou uma terapeuta especialista em distúrbios alimentares que perguntou sobre o passado das pessoas, sobre o que elas tinham vivido até então. Todos eles haviam passado por algum trauma na vida: uma havia sido demitida do emprego dos sonhos, o pai de outra se suicidou quando ela tinha 15 anos... Todos tinham problemas pessoais e descontaram a raiva e a tristeza na comida.

É fato que a população mundial está cada vez mais acima do peso e o número de obesos não pára de crescer. Acredita-se que os grandes vilões da saúde são uma alimentação cada vez mais rica em gordura e açúcar e uma vida cada vez mais sedentária. Isso, com certeza, é verdade, mas eu acrescentaria um terceiro vilão: a solidão.

O discurso de que a tecnologia está encurtando distâncias e aproximando as pessoas só ajuda a encobrir o fato de que nunca existiram tantas pessoas solitárias pelo mundo. Muitas vezes você passa por um momento difícil e tudo que você precisa fazer é conversar com alguém, desabafar, livrar-se desse peso todo. Mas conversar com quem? Muitos país não ligam para os filhos (e vice-versa), muita gente não tem contato algum com primos e tios e as amizades verdadeiras estão entrando em extinção.

Por causa disso, formas de comunicação virtual se multiplicam tanto. As pessoas passam o dia todo desabafando e falando sobre sua vida no twitter porque elas não têm pra quem ligar, não têm com quem comemorar a promoção ou celebrar o fim da faculdade. As pessoas parecem estar implorando por atenção, carinho e companhia, porque elas simplesmente não têm alguém que se importe com elas.

Eu sinto muito por isso tudo. Eu sempre faço o possível para manter o contato com as pessoas, mas, às vezes, não dá. Você liga e a pessoa nunca atende. Quando atende, você a convida para ir a sua casa, sair, fazer qualquer coisa e... ela nunca pode, nunca dá. Você leva cano, é ignorado. E aí cansa. É triste aceitar, mas a grande maioria das pessoas só se importam com elas mesmas. E ponto. Não há mais consideração, empatia, preocupação.

Felizmente ainda existem algumas poucas pessoas sensíveis e companheiras no mundo. Se você conhece alguém assim, não perca a oportunidade de tê-la como amiga. Se você não conhece, seja essa pessoa para alguém.

Um comentário:

Talita disse...

Texto muito sensível Alinoca...
Beijos!