2 de março de 2009

Eu prefiro as palavras

Todo mundo já deve ter ouvido a máxima “Uma imagem vale mais que mil palavras”. Ultimamente, tenho discordado.

Eu sou uma pessoa meio desatualizada quando o assunto é cinema, porque quase sempre eu acabo esperando os filmes serem lançados em DVD, para poder assisti-los em casa. Quando o filme é uma adaptação de um livro, eu sempre leio o livro antes e por isso acabo vendo o filme só muito tempo depois de ter passado no cinema.

Ontem eu assisti O Caçador de Pipas. Já faz um bom tempo que li o livro, mas ainda não tinha tido coragem de ver o filme. O livro é pesado demais, é sofrido. Acreditando que uma imagem vale mais que mil palavras, pensei que assistir o filme seria ainda mais doloroso. Mas não foi.

O filme, nem de longe, consegue retratar e transmitir todo o sofrimento e dor de Amir, o personagem principal. No filme, ele é apenas um menino que abandonou e maltratou seu melhor amigo. No livro, ele é muito mais que isso. É uma criança que sofre pela sua falta de coragem, pela sua falta de amor e compaixão. Ele sofre por não ter o amor do pai e por não conseguir amar o amigo tanto quanto ele o amava. Ele era fraco, desumano e sofria muito por isso, porque simplesmente não conseguia ser melhor. Faltava coragem.

No livro, ele vai fundo e fala sobre seus sentimentos, sobre todo seu sofrimento. Não é fácil transmitir tudo isso em um filme, mesmo que se tenha roteirista, diretor e atores muito bons. É difícil mostrar com imagens o que se passa dentro das pessoas, pois a palavras transmitem melhor o que há dentro de nós.

No começo do ano, li o Ensaio sobre a cegueira. Esse livro é ainda mais sofrido e angustiante, por isso resistia em ver o filme. Depois de ontem, acho que vou ficar só com o livro mesmo.

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