2 de janeiro de 2009

Acordo Ortográfico

Já faz um tempo que eu queria escrever um texto sobre o Acordo Ortográfico, que trará algumas mudanças para nossa língua. O acordo entra em vigor este mês e garante um período de adaptação de 3 anos, isto é, até 2012 tanto a ortografia antiga como a nova deverão ser aceitas como corretas em órgãos públicos, vestibulares, concursos e etc. Fazem parte do acordo os 8 países de expressão portuguesa: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

O que pouca gente sabe é que o que motivou esse acordo foi, no fundo, questões políticas. Com ele, pretende-se unir, ao menos no papel, os 8 países onde se fala português para, quem sabe, dar mais força ao idioma. Soma-se a isso o fato de que a ortografia unificada fará do português um idioma oficial na UNESCO.

Além disso, ao contrário do que muita gente pensa e diz, o acordo não é de todo mal, nem é o primeiro a ser feito. O português já passou por muitas mudanças como essa. Assim como todo idioma, o português falado evolui, muda, está em constante processo de formação e transformação. Algumas palavras somem, algumas letras deixam de ser usadas, alguns acentos ficam perdidos por aí. Mas o mesmo não acontece com a escrita, que é estática, parada, regida por leis de verdade (iguais as leis de trânsito, por exemplo). Ninguém manda nas palavras que saem de nossa boca, mas o governo tem poder para dizer qual é a maneira certa de escrever.

A última grande mudança ortográfica do português aconteceu 1931 e, desde então, muita coisa mudou. Eu acredito que uma renovação ortográfica era realmente necessária. Eu mesma já não usava trema há muito tempo e minha pera nunca teve acento circunflexo. Meu voo também sempre voou sozinho por aí, livre, leve e solto, sem acento nenhum.

Mas algumas mudanças, confesso, me doem o coração. Não dá pra escrever ideia sem acento. Nem colmeia, geleia, plateia.

Também vai ser difícil usar hífen a partir de agora, pois para isso precisaremos decorar todas as regras, que são pelo menos 15. Mais difícil ainda vai ser ensinar a criançada a escrever esse monte de palavras grandes que surgirão com sumiço do hífen. Contraespionagem. Socioeconômico. Microssistema. Contrassenso. Microrradiografia.

O que também me dói é ver esse monte de SS e RR juntos. Ficou feio demais. Dá medo escrever.

Para perder o medo, vocês podem baixar no link abaixo um Guia da Nova Ortográfica. Quem não conseguir baixar, me deixa uma mensagem, que eu dou um jeito de enviar.

3 comentários:

Diegovj disse...

Bom, para os jornalistas essa reforma ainda promove controvérsias...

A maioria da grande imprensa já vem utilizando as mudanças do acordo, mas que ficou esquisito demais, isso ficou. Ver a palavrá "ideia" numa chamada de capa sem acento ainda é dose de engolir...rs.

Ótimo texto! Bjos!

Talita disse...

Muito legal Alinoca!

Sue Ellen disse...

Não me lembro do nome do cara agora, mas ele escreveu na Folha de Sp na época de divulgação do acordo que, o Brasil precisa de reformas sociais, econômicas e não de uma reforma ortográfica. Concordo e assino embaixo!